Cobrar ou não cobrar, eis a questão! Que polêmica!
Está todo mundo com a pulga atrás da orelha por causa do famoso "auxílio ministerial". Isso mesmo, estamos falando de dinheiro. Dinheiro que os músicos católicos de hoje recebem depois (ou antes) de evangelizar. Bem, alguém precisa falar alguma coisa a respeito, não é?! Só sei que são tantas teorias sobre o assunto que dava até para escrever livros e defender teses. Confesso que o título deste artigo é bem provocante, mas verdadeiro. Contudo prometo ser imparcial.
A Palavra de Deus é clara e também nos provoca. Ela vem nos colocar em atitude de humildade e temperar nossas ações: "De graça recebeste, de graça dai". Este versículo serve para nos colocar no lugar que Deus nos pôs. Ele é para todos nós ministros de música e é necessário levá-lo no coração e na vida, e em todas as nossas missões de evangelização e para que jamais caiamos no erro de pensar que merecemos o que estamos recebendo. Na realidade não sou contra receber por serviços prestados e creio que a Bíblia também garante isso. Em meu caso, recebo doações... Não importando aqui a forma de receber. Mas recebo. Acho justo e vejo como atitude de irmãos que se preocupam uns com os outros. Pois realmente não é fácil manter um trabalho de evangelização. Contudo precisamos rever algumas coisas e jamais confundi-las:
1- Quem são os operários que a Bíblia diz que merecem seu sustento?
- Certamente não é aquele que vive sem trabalhar durante a semana inteira e quando sai para tocar e cantar nos fins de semana quer exigir o seu pagamento para sustentar sua vida particular. E nem se quer pensa no sustento da obra.
- Os que têm um bom emprego e dão duro a semana inteira, seria uma atitude louvável deixar sua parte de lado; assim diminuiria as despesas dos eventos. Despesas menores, mais convites e eventos na agenda.
- Por outro lado, tem pessoas que trabalham na evangelização dia e noite, e mesmo quando dormem sonham com a evangelização. Não precisamos pensar muito para lembrar desses operários: CODIMUC, Canção Nova, Celina Borges, Padre Antonio Maria (Orfanato), Maria do Rosário (Associação do Senhor Jesus - SP), Izaias (Coração Novo - RJ) e tantos outros, graças a Deus! Alguns que eu não citei não são muito conhecidos do grande público, mas também são verdadeiros operários.
2- Qual é o número de público que temos?
Aqui é que a gente treme na base! Às vezes o valor cobrado pela banda está acima da expectativa de público. E o dinheiro arrecadado é tão pouco, que na realidade o evento foi em prol da banda e não da comunidade que a chamou. Sem contar as enormes despesas que às vezes deixa de herança para essa comunidade. E não adianta ter um valor fixo para todos os eventos. Cada evento é feito em local diferente, com número de público também diferente. Ou seja, é necessário levar em conta a realidade econômica de cada comunidade e região, pois até dentro de uma mesma cidade encontramos diversas realidades. Mas por outro lado concordo que para quem tem um grande público, é loucura não cobrar certos valores, pois também ao contrário, deixar tanto dinheiro assim nas mãos dos organizadores de evento, também seria falta de caridade. Salvo se é para alguma entidade, é claro! Mas quem está na estrada sabe que tem gente aí "sobrevivendo da evangelização". É triste, mas é a realidade. Tem gente que assumiu como fonte de renda e nada mais. Organizam eventos e montam tremendas estruturas para viver disso. Aprendemos com a Madre Igreja, que é obrigação de cristão instruir, e em alguns casos até denunciar. É bom ficar com os olhos bem abertos!
3- Viver da Providência Divina
Longe de ser apenas uma frase corriqueira que muitos músicos gostam de dizer: "Eu vivo da Providência". Se descobrissem o peso desta frase, muitos pensariam melhor sobre o assunto. Porque a Providência Divina em nossa vida não é apenas o que Ele nos dá, mas o que Ele nos nega e o que Ele nos tira. Pois ninguém sabe melhor que o Pai o que é bom para seus filhos. Viver da Providência é viver de Deus, viver inteiramente à Sua Vontade. É olhar para o Senhor e esperar somente dEle a resolução necessária. Claro que com muito trabalho! Essa é a parte que nos cabe. | |
Mas aquele que olha somente para as suas necessidades, não vive da Providência. O que vive da Providência só tem olhos para o seu Senhor, para Aquele que pode lhe acrescentar todas as coisas. "Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça e todas as coisas vos serão acrescentadas". Enquanto tivermos olhos apenas para os nossos interesses, nosso ministério não crescerá.
Vamos pedir em oração que não falte em nossas vidas o sustento necessário. E que jamais percamos de vista Aquele para quem trabalhamos. Fiquemos na paz e que Deus nos acompanhe em todas as nossas decisões.