Dádivas: Um canto de amor e louvação ao Deus Santo! Neste 11º trabalho apresentado ao público através da gravadora Paulinas-COMEP, Zé Vicente deseja marcar um tempo importante de sua vida e de sua carreira como artista em sintonia permanente com a caminhada de seu povo. Em 2004, ele completa 50 anos de vida, o que não é pouca coisa, pois quando nasceu, teve de ser batizado às pressas, pois corria risco de morte e, segundo ele, houve quem apostasse que não chegaria a comer feijão. Contando o tempo dos primeiros passos na poesia e nos ensaios de composição, são 25 anos. E breve chegará às 21 primaveras de gravação do Baião das Comunidades e Eu quero ver! pela Paulinas. Essas e outras bodas, motivaram todo o projeto do CD "Dádivas". É este o sopro inspirador deste fruto, símbolo e síntese de toda a ação de graças, que o cantor espera celebrar com os seus parentes de sangue, de cultura, de paixão e de compromisso cidadão. Tudo em profunda e humilde vibração de esperança e fé cristã. A pauta é de 12 composições, sendo que em uma delas, "Na festa do meu povo", o cantor conta com a feliz parceria de Ir. Luzia Neves, sua parceira desde os idos de 1986, quando se encontraram na animação do 6º Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base. Na música "Água sagrada", Zé Vicente faz um dueto com outra parceira, sua conterrânea, Erotilde Honório, uma obra plenamente conectada com um dos maiores desafios desta hora e do futuro, sendo tema da Campanha da Fraternidade de 2004. A música reflete a mística da água e sua importância na geração e manutenção da vida no planeta. Quanto às canções para celebração, o cantor abre seu repertório, com a pequena canção, "Um canto de amor", no estilo mantra, para ser cantada com as três expressões: poema, gesto e música. A louvação, o canto de misericórdia e o salmo meditativo nasceram da experiência no canto penitente, cujas vibrações sobrevivem na memória de cantadores nordestinos e de quem, como Zé Vicente, conheceu as Santas Missões de Frei Damião. Na criação e musicalização do "Cântico de Glória", da Aclamação da Palavra, da procissão das oferendas e do Santo, o cantor buscou o estilo mais festivo, em tom maior. O "Benza Deus!", canto final, é um samba para a festa do povo da paz, lembrando a expressão popular viva nos lábios das mamães e vovós dos interiores ou migrantes nas periferias, onde a comunidade católica é bem vizinha do terreiro, local em que negros e negras festejam os ecos sagrados vindos do coração da mãe África. Segundo o cantor, não tem sido nada fácil este cultivo de temas e propostas para as celebrações populares. “Os passos para a tal maturidade, mesmo com aquela cota de relatividade genética e cultural paraibana que levo, me tornam mais exigente com essas coisas da arte, incluindo a arte na liturgia, o que se intensifica quando contemplo essa avalanche de produções postas no mercado da fé, inclusive nos espaços celebrativos”, confessa Zé Vicente. | Ser fiel à presença divina em nós, entre nós, no nosso ambiente ecológico, nesta hora de nossa história, contribuindo com o Projeto de Igreja que busca reafirmar sua vocação profética original de encarnação cristã nas multidões excluídas e nas nossas culturas locais, com abertura para o diálogo e ao respeito para com todas as demais tradições e Igrejas, é a sua sincera intenção. Eis que o cantor, aqui, oferece Dádivas de todas as dádivas de sua caminhada terrena e convida o Povo de Deus a preparar o espaço, não se esquecendo do altar das águas, marcando “um sincero e feliz encontro conosco mesmos, para então, abrirmos nossos lábios num Canto de amor e elevar ao Deus santo a louvação”. |
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