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O artista deve deixar-se guiar pelo bem porque não só é responsável pela dimensão estética do mundo e da vida, “mas também por sua dimensão moral”, recordou João Paulo II no domingo passado.

A música “hip-hop” ecoou na Sala Clementina, no Vaticano, onde depois de rezar o Angelus, o Papa recebeu um grupo de 70 artistas da Fundação polonesa “Centro de Criatividade Nacional” (Centrum Twórczosci Narodowej), criada como apoio na Polônia a marginalizados e pobres e orientada para a promoção do estilo criativo na vida, sobretudo entre a juventude.

Bailarinos de “break dance” e ritmos de “hip-hop” protagonizaram um momento inédito que o Santo Padre aproveitou para recordar que “no homem ‘artífice’ se reflete a imagem do Criador”, algo que “implica uma grande responsabilidade” em três dimensões.

Antes de tudo, o artista tem responsabilidade para si mesmo e para seu próprio talento, porque “o talento artístico é um dom de Deus e quem o descobre em si mesmo adverte por sua vez uma certa obrigação”, pois “sabe que não pode desperdiçar este talento, mas deve desenvolvê-lo”, explicou o Papa.

Mas o artista se dá conta de que seu talento “não o desenvolve para auto-satisfação”, acrescentou, mas para servir “ao próximo e à sociedade na qual vive”, e é a segunda dimensão da responsabilidade do artista: “o compromisso em formar o espírito das sociedades e dos povos”.

O Santo Padre continuou explicando que nesta perspectiva “se revela a terceira dimensão da responsabilidade”, que Platão sintetiza na frase “A potência do Bem se refugiou na natureza do Belo”.

E “quando se fala da criatividade, espontaneamente se pensa no belo. Contudo, o belo pode começar a existir somente quando em sua natureza se refugia a potência do bem”, advertiu o Papa.

Portanto, o artista “é responsável não só pela dimensão estética do mundo e da vida, mas também por sua dimensão moral”. Por isso, “se na criatividade não se deixa guiar pelo bem, ou pior, se se dirige para o mal, não é digno do título de artista”, reconheceu.

“Ponho em vossos corações esta tripla responsabilidade. Sede fiéis ao belo e sede fiéis ao bem. Que isto vos aproxime de Deus, primeiro Criador do belo e do bem, para que possais ajudar outros a tirar desta fonte inspiração para seu crescimento espiritual”, disse o Papa aos jovens artistas presentes.

Participaram da audiência o vice-presidente da fundação, o diretor polonês de cinema Krysztof Zanussi, amigo pessoal de João Paulo II, e a ministra polonesa de Assuntos Europeus, Danuta Hubner.

 

Fonte: Zenit

 

Confira também: Carta do Papa João Paulo II aos Artistas

  
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