A Igreja é chamada, em virtude da sua própria missão evangelizadora, a servir o homem. (Exortação apostólica CHRISTIFIDELIS LAICI, Viver Evangelho servindo a pessoa e a sociedade)
Queridos irmãos internautas, graça e paz da parte de NSJC!!!
A Igreja comemorou no dia 21/10/2001, domingo, o dia mundial das missões. Sempre que ouvimos a palavra missão pensamos em Etiópia, África do Sul, Índia, Afeganistão, e outros. Louvável e necessária a nossa preocupação com nossos irmãos que sofrem no mundo inteiro, mas... Vivemos em um país maravilhoso, rico das bênçãos de Deus, com belezas naturais incomparáveis, mas que ainda peca pelo descaso com muitos de seus filhos que, em pleno ano 2001, têm fome, não só de pão, mas também de Deus.
Domingo, dia 21/10/2001, tive a graça de, juntamente com os seminaristas de minha casa, nosso reitor, Pe. Áureo, e outros missionários, realizar as visitas missionárias no bairro Petrolina, em Ibirité, região metropolitana de Belo Horizonte.
Foi com muito entusiasmo que recebemos a notícia de que faríamos uma missão em uma das regiões mais carentes de BH. Imediatamente começamos as reuniões e os preparativos para aquela que seria, para alguns, a primeira experiência de missão. Pude notar que as preocupações e as questões levantadas em nosso grupo não eram próprias de um missionário: como vamos almoçar? Vamos levar lanche? E para dormir, como faremos? Os questionamentos prosseguiam. Decidimos não dormir no local apesar de ter uma escola à nossa disposição. Ficou então decidido que celebraríamos a Santa Missa de envio no sábado, voltaríamos para casa e retornaríamos ao local no Domingo pela manhã, quando começaríamos as visitas.
Ainda no sábado, quando chegávamos para a celebração, propus ao grupo que rezássemos pelo menos o primeiro mistério do terço. Assim fizemos. Ao final, pedi ao Espírito Santo que nos mostrasse o que ainda nos faltava para sermos verdadeiros missionários, e Ele não perdeu tempo. Assim que descemos do carro, o seminarista que dirigia quebrou a chave na fechadura e logo começou a providenciar um chaveiro que pudesse nos socorrer. A Santa Missa começou, foi uma linda celebração, fomos enviados e exatamente no início da Consagração começou uma chuva torrencial, como já havia acontecido na região, no dia anterior, segundo moradores. A chuva não parava e como não podíamos sair, por causa dela e também da chave, começamos uma adoração ao Santíssimo, que foi também belíssima. É bonito perceber que Jesus não perde tempo, toda uma situação foi criada para que pudéssemos estar com Ele naquele momento.
O chaveiro não chegava, já era quase meia-noite e começamos a ficar preocupados, pois estávamos longe de casa e não sabíamos nem se conseguiríamos voltar. Quando o pessoal da comunidade percebeu que estávamos com dificuldades, começaram a se mobilizar para conseguir colchões, colchonetes e cobertores para que pudéssemos dormir. Foi impressionante perceber o despojamento daquele povo que não tinha quase nada, muitos haviam perdido tudo com as enchentes, mas mesmo assim, o que eles tinham, queriam partilhar. Até colchões novos que haviam sido doados aos moradores apareceram e foram colocados ao nosso dispor. Mas o que me impressionou, ainda mais, é que uma senhora, de nome Maria, já cansada e com idade um pouco avançada, corria de um lado para o outro tentando nos servir da melhor maneira, mas não foi a atitude dela que me chamou a atenção e sim quando soube que ela perdera sua casa na enxurrada no dia anterior. E nós..., missionários, preocupados em voltar para casa.
Jesus foi muito claro conosco, tínhamos a certeza de que nos faltava despojamento e confiança em Deus acima de tudo, além de obediência à sua palavra que diz: "Não leveis nada pelo caminho".
Isso é missão, levar a palavra de Deus, levar carinho, afeto, atenção.... Vai, missionário, a messe é grande.